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Publicações

Comunicação na Amazônia: Um debate sobre a mídia

 

Em dezembro 2006, a Pastoral da Comunicação da Conferência Nacional Dos Bispos Do Brasil (CNBB/Norte 2) promoveu um seminário denoinado Mutirão Regional de Comunicação , para debater o tema “Mídia e responsabilidade social na Amazônia”.

O encontro reuniu estudantes, professores, agentes pastorais e profissionais da imprensa local que refletiram sobre a importância de se construir na região novos instrumentos comunicativos à realidade amazônica.

Este livro é resultado das reflexões acadêmicas ocorridas no Mutirão Regional, que trouxe para Belém especialistas na área da comunicação no Brasil, professores e jornalistas renomados no estado do Pará.

 

Símbolos da Santa Missa na ótica da comunicação

 

A obra do Pe. Cláudio Pighin sobre os símbolos da Santa Missa na ótica da Comunicação surge em um momen­to de grande discussão sobre a questão da simbologia litúrgi­ca e sua transmissão pelos meios de comunicação. A obra não pretende atingir essa perspectiva, mas sim, através de um observador que fez da Comunicação a sua grande lente passa-se, através de pesquisas de campo, a dis­cutir a nossa maneira litúrgica de comunicar. O último censo e as várias pesquisas que ocorreram depois sobre a filiação religiosa e o trânsito religioso em nosso país, remetem-nos ao questionamento sobre a nossa maneira de comunicar, de maneira especial, na liturgia. Quando os símbolos litúrgicos não são mais percebidos em seu significado e necessitam de explicação, corremos o risco de querer mudá-los. Isso tem acontecido ao longo dos anos, com prejuízos diversos para a caminhada eclesial.

Existe, porém, urna outra vertente, que nos indica (que) o caminho da iniciação cristã para que a pessoa possa ser introduzida aos mistérios e conhecer existencialmente os sinais e celebrar com profundidade os Sacramentos. Cada obra traz em si um argumento importante e quan­do ela se baseia em pesquisa de campo traz-nos o resultado daquilo que fazemos ou anunciamos. É claro que o universo pesquisado é localizado e parte de urna visão específica, mas não deixa de ter os resultados corno questionadores de todos aqueles que se preocupam com a evangelização e catequese de nosso povo. Quando um clima de preocupação invade os corações dos pastores, notando a pouca penetração da evangelização e a dificuldade em formar verdadeiras comunidades engajadas e atuantes, e diante das mudanças culturais e religiosas que hoje ocorrem, essa obra do Pe. Cláudio Pighin nos remete não só ao trabalho da Pascom (Pastoral da Comunicação) em nos­sas Igrejas, mas a toda a caminhada nossa de anúncio do Reino e da construção da "civilização do amor".

Rogo a Deus para que este trabalho realizado com amor pela causa do Reino nos inspire novas e importantes iniciati­vas, tanto na comunicação litúrgica corno na missão de anún­cio, que deve estar presente em cada instante de nossas vidas!

 

D. Orani Joao Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará

Presidente da Comissao Episcopal para a Cultura.

 

 

Educação e Comunicação Social da CNBB

 

Homilética e comunicaçäo: Nova Igreja na Amazonia

Um belo dia estava de passagem por uma cidade do sul do país e quis entrar na igreja matriz. Queria além de conhecer, também rezar um pouco. Escolhi o último banco. Me ajoelhei e depois de um certo tempo quis me sentar. Para dizer a verdade tinha bastante gente naquela ocasião, era o 40. domingo de Quaresma e as leituras eram do ciclo A. Depois de uns minutos eis o celebrante, aparentando 40 a 50 anos, sai da sacristia e começa a Santa Missa. Um público heterogêneo acompanhava fervoroso o ato litúrgico. Participando desta Santa Missa me chamou atenção a homilia. Eu senti como este sacerdote conseguia a fornecer símbolos do Transcendente usando uma linguagem tão acessível e que permitia ao público a se concentrar e criar um clima que te ajudava a pensar em Deus. Observava de tanto em tanto as pessoas que estavam ao meu lado e via o jeito que seguiam o pregador: de boca aberta. Certamente o sacerdote conseguia ajudar as pessoas a reconhecer como Deus age na vida deles através da ação do Espirito Santo. E isto era muito importante enquanto reconhecia que eles, como batizados, receberam o dom do Espirito Santo e portanto era atuante. Certamente o silêncio absoluto daquela igreja, naquele momento, era a confirmação que o povo estava entendendo perfeitamente o padre. Eu vi que aquele pregador como uma ícone que revela a presença interior de Jesus e de Deus em Jesus.

Cada gesto, cada atitude do corpo, os olhos....todos os aspectos visíveis dele foram como uma ícone que revela: uma harmonia interior: uma paz consigo mesmo, com outras pessoas e com Jesus em Deus; aquilo que somos interiormente. Uma linguagem assim familiar certamente formava a comunidade cristã. Acredito que este sacerdote respondeu aos desafios que a própria homilia comporta:

COMUNICAR: aquilo que Jesus quis dizer (Reconhecer no Evangelho os valores centrais que foram apresentados nas leituras...)

RESPONDER: as perguntas, pesquisas, inquietações e ansiedades da comunidade cristã naquele momento; portanto tem que conhecer a comunidade.

ENCARNAR: os valores em um símbolo concreto, conto, narração alimentado o imaginário.

UNIR : a comunidade com a oração de Jesus no sacrifício ao Pai: incentivo ao amar.

Por isso a Homilia é parte integral da vida toda.... e aquele padre como vive, assim prega. Senti o jeito deste celebrante que a homilia fazia parte integral da vida dele, era o espelho da vida dele.

Foi proclamado o evangelho da ressurreição do Lázaro da morte. Abriu a homilia com uma breve referencia a Marta e Maria. Depois descreve com os mínimos detalhes possíveis os sentimentos mais íntimos das pessoas em luto no contexto deste trecho do Evangelho. Aquele sentido de culpa de perda "para sempre", as emoções oprimentes, talvez um certo sentido de culpa porque não se fez bastante para aquela pessoa que agora está morta.

Logo em seguida ligou esta experiência das pessoas no Evangelho com as experiências das pessoas naquela paroquia. Ele mostrou reais experiências de pessoas que, na paroquia, já experimentaram o que significa a morte de pessoas queridas. Assim o povo pude se reconhecer naquelas experiências e começar a entende-los nos sentimentos mais íntimos. Ele não usou explicações de tipo hermenêutica, e nem fez uma teologia da morte ou outras explicações teológicas abstratas sobre tal argumento. Na explanação usou uma linguagem que a gente normalmente usa para expressar a própria dor. O sacerdote deixou que as imagens e as emoções da metáfora, logicamente ligada com a descrição feita, entrassem na vida do povo. A lógica do Evangelho expressa-se na lógica da cultura local, é nas imagens e nas emoções.

Ele conquistou o intelecto das pessoas presentes através dos sentimentos. Com uma linguagem muito imaginativa descreveu estas experiências de luto e como se pode fazer uma experiência espiritual no sentido de se chegar mais a Deus. E nesta altura o celebrante contou um fato de uma pessoa que teve compaixão de outras pessoas que se encontravam na dor. Este conto apresentou um símbolo que responde à busca das pessoas e que ajudam a "encarnar" a fé nelas. Este conto, reconheço, foi muito tocante e deu espaço à imaginação. Apresentou um modelo para "histórias de vida" daquelas pessoas. Assim ele explicou como uma certa pessoa foi capaz de expressar a própria compaixão para a dor de uma outra, como esta experiência tenha conseguido a questionar a própria pessoa reorganizando os próprios valores, e como tenha alimentado elementos de esperança, de amor e do sentido da vitoria sobre a morte. Depois do fato voltou a Jesus descrevendo a Sua íntima experiência recolhida naquela simples frase : "Ele chorou". A este ponto levou as pessoas presentes a unir as próprias experiências com aquela de Jesus de forma que elas podem profundamente se identificar com Ele como modelo e símbolo, como fonte de força e coragem, como homem capaz de compaixão.

Uma coisa interessante que fez o pregador foi ligar a homilia ao sacrifício da santa missa em união a Jesus. Este sacrifício de Jesus foi para render glória ao Pai e assim uniu as orações dos fieis com aquela de Jesus para o Pai.

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